domingo, 17 de junho de 2012

Correndo com as Quenianas

Correr é terapia.

Desde 2010 incorporei o hábito de correr de domingo cedo porque não consigo fazer o longo semanal na sexta feira como faz a maioria dos atletas da assessoria com quem eu treino.

Em pouco tempo esse hábito foi virando prazer. Saio de casa em direção ao parque Villa Lobos, um lugar que era um brejo, depois um deserto sem árvores e hoje é um parque que a cada ano fica mais bonito, num lugar bonito da cidade.

Se preciso fazer longas distâncias, estico até a praça panamericana ou além dela, no também bonito alto de pinheiros. Já vi cenas improváveis, como um mendigo poeta que por quase 20 anos morou num canteiro central da avenida Pedroso de Morais e foi encontrado pela família em Goiás através de um perfil do facebook, criado por moradores da região. Moradores estes de classe média alta, que sentavam-se ao seu lado para lerem juntos, para conversarem. (Para saber mais sobre essa história, link aqui).

Nesses dois anos foi-se criando uma relação de intimidade, de cumplicidade entre corredor e esta parte da cidade, que na verdade faz parte da minha vida desde que me conheço por gente.

Gosto de correr nesses domingos cedinho. Gosto da paisagem, gosto de pensar enquanto corro. Gosto de ver os km passando no relógio, gosto de entrar no parque e por instantes fazer parte da vida das pessoas, pescando fragmentos aleatórios de conversas. Isso é muito engraçado e descontrai, ajuda o tempo passar.

Hoje foi dia de corridinha de domingo. Começou com tempo fechado e frio, mas antes do segundo km já tinha sol, céu azul e um vento frio.

Percebi que o trânsito estava fechado para a maratona de São Paulo. Desisti de entrar no parque e corri pelas ruas desertas. A prova ainda não tinha alcançado aquele ponto.

Passo o posto de cronometragem e reprimo a vontade de perguntar se alguém já tinha passado por lá. Diante da negativa, dispararia que então era o primeiro da prova até aquele momento. Mas as caras não eram de pessoas abertas à brincadeiras. Uns dois Km adiante, passo por um posto de hidratação e um staff estende um copo de gatorade. Agradeci umas três vezes a iniciativa, mas não peguei. Não estava na prova. Sim sou CDF, coxinha pra caralho....fazer o quê???

Quando finalmente estou prestes a deixar o circuito da prova, um comboio de motos e três mulheres (duas quenianas e uma etíope) fazendo o retorno. Pô se tivesse saído 2 minutos depois, seria ultrapassado por elas e poderia ter visto melhor como correm as filhas da mãe. Sensacional. Maravilhoso. 

Volto par casa pra tomar café com todo mundo.

Esporte pra mim é muito mais que só manter a forma (que atualmente está beeeeem prejudicada, como já sabido por todos). É uma questão de manutenção da sanidade mental. Eu me sinto uma pessoa melhor depois de uma corridinha de 45 minutos num domingo de manhã.

Que bom que estou conseguindo ter isso de volta.






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